terça-feira, outubro 18, 2005

SIM!

Bom, o polêmico referendo tá ai. Como eu também tinha que dar o meu pitaco resolvi publicar um texto do jornalista Fernando Paiva (www.maquinadeescrever.com) que é perfeitamente aquilo que eu gostaria de ter escrito:

"Também morre quem atira

O que deveria ser mais importante: o direito de viver ou o direito de matar? Quem deseja o direito de matar? Revolucionários de extrema esquerda? O exército? Conservadores de extrema direita interessados na defesa de sua propriedade e do status quo? Vale matar por uma revolução? Vale matar para proteger sua propriedade? Vale matar em defesa da própria vida?
Acho que ninguém tem direito de matar ninguém. Nem um soldado. Nem um policial. Nem um cidadão comum. Nem Deus, pois não acredito nele. Isso deveria ser um princípio básico de uma sociedade moderna. É uma lição que aprendemos no jardim de infância mas que muitos teimam em esquecer: a sua liberdade acaba quando começa a do outro. Simples assim. Até uma criança de seis anos entende.
Outra lição que já se provou verdadeira, mas que a humanidade não aprende: violência gera violência. Ou, como diz um verso de Marcelo Yuka: "também morre quem atira".
Não preciso de estatísticas para definir meu voto no referendo do dia 23 de outubro. Para mim é uma questão de princípios. Votarei "sim", pela proibição do comércio de armas de fogo. Se pudesse, votaria "sim" para acabar com a fabricação de armas de fogo. E votaria "sim" para desarmar o exército e a polícia.
Fernando Paiva
P.S.: Estatísticas são frágeis como vidro. Tudo pode ser distorcido para provar o que bem quiser. A campanha do "não", por exemplo, informou outro dia em seu programa de TV que o Rio Grande do Sul é o estado com maior número de armas de fogo por habitante e, ao mesmo tempo, o estado com o menor número de homicídios com armas de fogo. Só esqueceram de mencionar que é também um dos estados com maior IDH do Brasil e, portanto, menor desigualdade social, o que gera menos assaltos etc.

P.S.2: Tenho medo dos marqueteiros. A campanha do "não" na TV no começo era feia e pouco atraente. Tinha exatamente a cara dos seus líderes ultra-nacionalistas e ultra conservadores: quadrada. Porém, esta semana a estratégia mudou. Talvez alguma pesquisa de opinião tenha levado uma luz para os publicitários por trás da campanha e convencido os clientes em questão a mudar a estratégia de marketing. Agora botam vinhetas com jovens descolados dizendo que votam "não" porque são contra qualquer tipo de proibição. Ou seja, o "não" agora posa de moderno e pra-frentex! Só falta colocar pra tocar "é proibido proibir" do Caetano Veloso. Adotaram um discurso pseudo-libertário! E o que é pior: tenho certeza que muita gente vai cair nesse engodo! Mais uma vez: ninguém tem liberdade pra matar ninguém. Ter o direito de ter uma arma não é nem um pouco libertário.

P.S.3: Quem ainda não ouviu, corra para www.cocadaboa.com e ouça o trote que Mr Manson e companhia supostamente passaram em uma repórter da campanha do "não". Pode até não ser verdadeiro, mas é engraçado demais."