quarta-feira, dezembro 13, 2006

Escrevi este texto em dezembro de 2004, mas continua tão atual como nunca:

Terceiro-mundista; filha de pais assalariados; estagiária desde dos 16 anos; não sabe o que são férias; não tem noção do que é um décimo terceiro salário; nunca teve carro; já teve vontade de se casar; foi descartada por todos os homens que amou; descartou todos os homens que a amaram; não tem perspectiva de quando irá se formar; não sabe inglês, espanhol e muito menos árabe; não consegue conviver com pessoas egoístas; nunca foi à Europa; chora no cinema, em casa, no ônibus, na rua, na frente dos outros; ri, e muito, até das coisas que dão erradas; é briguenta; rói as unhas sem parar; pinta o cabelo. Não se sente bem ao lado de pessoas mesquinhas; adora ajudar os outros; tem vocação para cúpido; tem vocação pra melhor amiga, principalmente de homens; adora andar descalça; relaxa escutando música; é muito impulsiva; está sem beber álcool há quase duas semanas; tem uma grande admiração pela mãe; tem medo da morte; gostaria que sua avó fosse eterna. Não liga para jóias, carros importados; passa longe de chapinha, bronzeamento artificial e cirurgia plástica. É prestativa, generosa; fica contente com um e-mail recebido, uma mensagem enviada; tem muitos sonhos e pouco dinheiro, tem muitos amigos, mas em poucos que confia; tem medo de amar novamente...

(a esperança está por um fio)