Meu nome é Fernanda Maciel, tenho 26 anos, sou jornalista. Perdi meu pai há dois anos e, há 4 meses, a minha vó materna. Ainda não superei a morte deles, principalmente do meu pai. Já não choro mais por causa disso. Mas não vou mentir que a saudade aperta de tempos em tempos. Não tenho uma boa relação com a minha irmã. Não há motivos certos, concretos, mas o fato é que não nos entendemos. Apesar disso, ela me deu a pessoa que mais amo nesta vida, meu sobrinho. Eu, ele e a minha mãe, formamos um trio perfeito, e fazemos farras com travesseiros antes de dormir. Trabalho na área de moda, cobrindo desfiles, eventos, editando e escrevendo textos sobre isso. Ainda não sei se é o que quero pra minha vida, mas é muito bom a ponto de me fazer acordar e pegar dois ônibus na ida e dois na volta, levando duas horas no trajeto. Faço pós de História do Brasil Contemporâneo e inglês aos domingos. Gostaria de fazer outras coisas, mas não há tempo suficiente para tantas coisas. Não tenho namorado. Talvez porque não sei lidar com assuntos do coração. Ou talvez porque amei e fui amada em sintonia diferente. Meu coração anda confuso. Não sei retribuir gentilezas e carinhos. Tenho medo de magoar e perder. Mas o temor é maior em machucar alguém, porque perder é mais cômodo. Faz um mês que comprei o meu primeiro carro. Nem tão novo e nem tão velho assim, mas que me traz a doce ilusão de liberdade. Nunca tirei férias. No máximo os cincos dias do carnaval. Talvez seja por isso que me sinto assim. Meio reticências... meio sem respostas.

(Maria Fê filosofando até o último fio de cabelo)