quarta-feira, agosto 22, 2007

Contando as horas para ir embora

Contando as horas para a mudança

contado as horas para você chegar...

quinta-feira, agosto 16, 2007

Navegando pela internet, encontrei este texto. Caiu como uma luva, ainda mais porque foi escrito por nada menos que Caio F.:

sugestões para atravessar agosto

caio fernando abreu (o estado de são paulo, 06/08/95)

para atravessar agosto é preciso antes de mais nada paciência e fé. paciência para cruzar os dias sem se deixar esmagar por eles, mesmo que nada aconteça de mau; fé para estar seguro, o tempo todo, que chegará setembro - e também certa não-fé, para não ligar a mínima às negras lendas deste mês de cachorro louco. é preciso quem sabe ficar-se distraído, inconsciente de que é agosto, e só lembrar disso no momento de, por exemplo, assinar um cheque e precisar da data. então dizer mentalmente ah!, escrever tanto de tanto de mil novecentos e tanto e ir em frente. este é um ponto importante: ir, sobretudo, em frente.

para atravessar agosto também é necessário reaprender a dormir. dormir muito, com gosto, sem comprimidos, de preferência também sem sonhos. são incontroláveis os sonhos de agosto: se bons deixam a vontade impossível de morar neles; se maus, fica a suspeita de sinistros augúrios, premonições. armazenar víveres, como às vésperas de um furacão anunciado, mas víveres espirituais, intelectuais, e sem muito critério de qualidade. muitos vídeos, de chanchadas da atlântida a bergman; muitos cds, de mozart a sula miranda; muitos livros, de nietzsche a sidney sheldon. controle remoto na mão e dezenas de canais a cabo ajudam bem: qualquer problema, real ou não, dê um zap na telinha e filosoficamente considere, vagamente onipotente, que isso também passará. zaps mentais, emocionais, psicológicos, não só eletrônicos, são fundamentais para atravessar agostos.

claro que falo em agostos burgueses, de médio ou alto poder aquisitivo. não me critiquem por isso, angústias agostianas são mesmo coisa de gente assim, meio fresca que nem nós. para quem toma trem de subúrbio às cinco da manhã todo dia, pouca diferença faz abril, dezembro ou, justamente agosto. angústia agostiana é coisa cultural, sim. e econômica. mas pobres ou ricos, há conselhos - ou precauções - úteis a todos. o mais difícil: evitar a cara de fernando henrique cardoso em foto ou vídeo, sobretudo se estiver se pavoneando com um daqueles chapéus de desfile a fantasia, categoria originalidade... esquecê-lo tão completamente quanto possível (santo zap!): fhc agrava agosto, e isso é tão grave que vou mudar de assunto já.

para atravessar agosto ter um amor seria importante, mas se você não conseguiu, se a vida não deu, ou ele partiu - sem o menor pudor, invente um.pode ser natália lage, antônio banderas, sharon stone, robocop, o carteiro, a caixa do banco, o seu dentista. remoto ou acessível, que você possa pensar nesse amor nas noites de agosto, viajar por ilhas do pacífico sul, grécia, cancún, ou miami, ao gosto do freguês. que se possa sonhar, isso é que conta, com mãos dadas, suspiros, juras, projetos, abraços no convés à luz da lua cheia, brilhos na costa ao longe. e beijos, muitos. bem molhados.

não lembrar dos que se foram, não desejar o que não se tem e talvez nem se terá, não discutir, nem vingar-se ou lamuriar-se, e temperar tudo isso com chás, de preferência ingleses, cristais de gengibre, gotas de codeína, se a barra pesar, vinhos, conhaques - tudo isso ajuda a atravessar agosto. controlar o excesso de informação para que as desgraças sociais ou pessoais não dêem a impressão de serem maiores do que são. esquecer o zaire, a ex-iugoslávia, passar por cima das páginas policiais. aprender decoração, jardinagem, ikebana, a arte das bandejas de asas de borboletas - coisas assim são eficientíssimas, pouco me importa ser acusado de alienação. é isso mesmo; evasão, escapismos. assumidos, explícitos.

mas para atravessar agosto, pensei agora, é preciso principalmente não se deter demais no tema. mudar de assunto, digitar rápido o ponto final, sinto muito perdoe o mau jeito, assim, veja, bruto e seco:.

segunda-feira, agosto 13, 2007

Os teus olhos azuis já não são mais os mesmos. Eles não me dizem mais nada. Apenas me olham. Às vezes me reconhece; às vezes não passo de uma vaga lembrança.

Sei que começas a escapar entre os meus dedos e, pior, para sempre. Há um ano e meio, os olhos castanhos se fecharam para eternidade. E agora sinto que os teus é que se vão.

Do lá de cá, o mundo desmorona. A base não existe mais. A dor é tamanha que cupo os olhos verdes por ter largado as rédeas, o controle de tudo. Talvez eles não tenham culpa, mas eu insisto em apontá-los como covardes.

No meio de tanta dor escondida são os meus olhos negros que querem se fechar para essa visão que dá medo, que faz chorar.

(Maria Fê querendo voltar no tempo)

quinta-feira, agosto 09, 2007

Tô para conhecer motoristas mais mal-educados do que esses aqui, em Novo Hamburgo. Sinaleira pela manhã, tipo 9 horas, não existe. Faixa de pedestre, então, é uma mera pintura na rua. Um horror.

Não queria escrever isso, pois dá uma sensação de generalizar, mas depois de ontem, que eu presenciei os xingamentos de uma velhinha para um motorista, fiquei mais aliviada de não estar fazendo mau juízo da cidade que me acolhe nesta temporada...

Tenho mais medo de ser atropelada por aqui do que ser assaltada.

terça-feira, agosto 07, 2007

Ter se formado foi a melhor coisa que aconteceu nas últimas semanas. Uma sensação de dever cumprindo, de uma etapa vencida e até uma sensação, de, porque não, liberdade.

Tô leve, e superaberta para novas experiências e trabalhos.

Por outro lado, tenho aquele medo de pisar em falso, de fazer a escolha errada, de ter que começar do zero de novo e de novo...

O profissional vai bem, a família mais ou menos e o coração num estado lamentável.

Mas tudo bem, deve ser a síndrome da mulher-independente-do-século-XXI.

(maria fê precisando de internet em casa)